segunda-feira, 20 de outubro de 2008

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Com o que sonham os alunos?

“Sonho que se sonha sóé só um sonho que se sonha só,mas sonho que se sonha junto é realidade.”Raul Seixas
Tecnologia é um recurso que faz sonhar. Quando vemos uma novidade tecnológica, ficamos fascinados, imaginando o que poderíamos fazer com aquele recurso. Também pensamos como será o futuro, agora que o presente parece estar tão diferente.
Mais ou menos 30 anos atrás, Seymour Papert já teve seus sonhos a respeito dos efeitos da informática sobre a Educação. Imaginava os computadores pessoais como ferramentas de aprendizagem. Para ele, “o computador é importante por dar autonomia intelectual ao aprendiz a partir dos primeiros anos de escolarização e, assim, tornar a criança menos dependente de adultos como provedores de informação. Ademais, para ser eficaz na escola, o computador, segundo Papert, deveria ser como livro e caderno, sempre disponíveis” (Cysneiros, 2008).
Exatamente agora que vislumbramos a possibilidade de cada aluno ter seu próprio computador, resolvemos descobrir com o que sonham as crianças quando o assunto é tecnologia e Educação. Aproveitamos o momento do fascínio dos alunos de 10 anos de uma escola pública e de duas escolas particulares de dois estados brasileiros diante da presença constante do computador em sala de aula para lhes perguntar como imaginam as escolas do futuro. Os resultados revelam uma compreensão profunda a respeito da função da tecnologia para a Educação.
A primeira reação dos alunos que tiveram a surpresa de ter um computador à sua disposição na sala de aula, algo que nunca haviam presenciado, foi pensar em outros recursos que poderiam fazer parte da sua rotina escolar. Na sua imaginação, colocam computadores nos mais variados locais da sala de aula. Imaginam máquinas fantásticas, elevadores ultrapossantes e muitas outras geringonças elaboradas. Os alunos também pensam nas outras crianças que ainda não têm computadores para usar nas aulas e mencionam que será bom quando todas puderem ter um computador para si na escola. Na sua imaginação, é muito simples cada criança ter o seu.
Dando mais liberdade aos seus sonhos, os alunos aproveitam para retirar da sala de aula aquilo que lhes desagrada. Eliminam o quadro-de-giz e colocam um superlaptop em seu lugar. Um sonho bem próximo da lousa digital, que já foi criada em outros sonhos. Já os alunos mais pé-no-chão eliminam cadernos e borrachas, exatamente o material que adoraram deixar de lado enquanto usavam os computadores. Percebe-se que sonham com trabalhos escolares mais bem acabados, sem pó de giz, sem textos e desenhos rascunhados, sem re-escrituras e re-facções, mas com edição.
O mais interessante é que, pensando um pouco mais, os alunos descobrem que a Educação não se limita à instalação de equipamentos maravilhosos na escola. Lembram-se de outros aspectos humanos ligados a ela, que definitivamente não sairiam da escola mais equipada do mundo: professores, colegas e aula de Educação Física. Essa constatação revela que, mesmo com a experiência de uso de computadores individuais, os alunos não idealizam um processo educativo individualista ou sedentário.
Por fim, os estudantes revelam o que melhoraria na escola com a tecnologia. Esse é o aspecto mais revelador do seu sonho, pois aponta para a experiência que efetivamente tiveram com a tecnologia e que imaginam que será potencializada no futuro. A grande maioria dos alunos acredita que, com tecnologia, haverá mais aprendizagem. A tecnologia também é associada a alunos mais alegres e a uma escola mais divertida, avançada, inteligente, criativa e interessante.
Os alunos de escolas públicas acrescentam que as escolas serão mais bonitas e prepararão para o mundo profissional. Acima de tudo, afirmam que são eles que vão fazer todas essas mudanças acontecerem e pretendem ser professores nessa nova escola.
De fato, este mundo de sonho realmente experimentado por 150 crianças está muito próximo daquele imaginado pelos grandes pensadores da Educação durante os últimos séculos. Um mundo repleto de aprendizagem, que é o principal papel da escola, e com muita interação, alegria e criatividade.

Minha escola

Uma reflexão sobre a educação atual e a tarefa de educar

Educar uma pessoa na atualidade é algo muito complicado. O educar de antigamente não é o mesmo de hoje em dia, pois os interesses e principalmente os meios de comunicação enfatizam outras coisas mais importantes do que se ter educação. Na verdade, ter educação é ser inserido na sociedade de uma maneira pré-definida, onde não sejam feridos alguns princípios, valores e concepções. Tais princípios são trazidos de outrora, claramente definidos como de interesse para uma organização social. Não se pode, de maneira alguma fugir disso, fazendo de conta que a escola não possui esse papel de inserção social. Ela possui sim esse papel, de encaminhar as pessoas à vida e à convivência social, de uma maneira adequada ao sistema.Educar perpassa por várias linhas, nem sempre visíveis, porém ficam para sempre incutidas naquele que está ali apreendendo. Por isso, a responsabilidade clara que o professor tem em ajudar o aluno nesse processo de inserção e, até pode-se dizer como sendo uma adaptação necessária à sobrevivência. Nosso papel permeia algo muito holístico, além daquilo que vemos, além daquilo que podemos tocar. Precisamos sentir o presente para que se possa ter um futuro mais completo como seres humanos, em sua plenitude como meio ambiente integrante e não somente como metros quadrados de espaço de vida.Nessa linha de pensamento, somos livres para assimilar o que quisermos, porém se ninguém nos mostrar o que é adequado, interessante, como saberemos que caminho ou caminhos seguir? Então, não é difícil entender que precisamos sim mostrar caminhos e levar algo muito maior do que conteúdos para uma sala de aula. É ensinar a viver e a respeitar tudo que nos cerca, é caminhar junto, transpor barreiras, correr em círculos muitas vezes para chegar-se a alguma conclusão, dar e receber liberdade com responsabilidade, aceitar os possíveis erros e seguir sempre com motivação e humildade.É isso que queremos, e precisamos, viver e conviver de maneira educada, abrangente, pois somente havendo essa troca é que se poderá adquirir qualidade de vida.Talvez sejam muito utópicos esses pensamentos, mas se não tivermos a utopia acabam-se os sonhos, precisamos dessa esperança constante, que um mundo melhor é possível, basta tê-lo como uma bandeira hasteada em nosso currículo orgânico.Pensar, aprender, voltar, repensar e reaprender são ações surpreendentemente usadas por nós professores. É como se fosse uma mágica, surgem novas idéias, novos pensamentos, novas alternativas, novos saberes e são por nós saboreados e quase sempre experimentados de uma maneira extasiante! São geralmente experimentados na intenção de um acontecimento inédito e quando nos deparamos com o final, voltamos e refazemos tudo de novo, sempre pensando no melhor para nosso aluno, naquilo tudo que podemos oferecer para que ele construa sua autonomia, uma certa mistura de ingredientes pedagógicos eu diria - e com aquele sabor inexplicável de tarefa cumprida momentaneamente.A expectativa em relação a inserção social e posterior adaptação ao sistema é o que podemos então chamar de educação e esse provavelmente seja o nosso papel, que apesar de desafiador, é provisório, resta-nos então mediar esse caminho de certezas provisórias como diria o nosso grande mestre Paulo Freire.